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24 de Abril de 2024
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    População discute malefícios do agrotóxico na saúde da mulher

    Requerida pelo deputado Ademir Brunetto, audiência pública é realizada em Comemoração ao Dia Internacional das Mulheres.

    Para alertar a população e chamar a atenção das autoridades sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde das mulheres e do meio ambiente, o deputado Ademir Brunetto (PT), realizou na tarde da última quarta-feira (6), audiência pública que debateu o uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras mato-grossenses. O evento faz parte das comemorações do Dia Internacional das Mulher.

    O Estado de Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos, girassol e bovino e juntamente a isso leva o ônus de ser o campeão brasileiro no uso de agrotóxicos, Dos 141 municípios, 54 deles possuem grandes monoculturas e produzem 70% dos produtos agrícolas do estado onde são usados na mesma porcentagem quantidades de agrotóxicos e fertilizantes químicos em suas lavouras e pastagens, o que vem preocupando especialistas da área de saúde.

    A aplicação destas substâncias químicas para controlar pragas nas plantações e aumentar a produtividade da terra acaba se tornando um problema para os trabalhadores rurais e consumidores. Os agrotóxicos estão entre os principais agentes tóxicos no país e este impacto pode ser definido de forma mais evidente a partir dos chamados efeitos agudos nos trabalhadores, mas há também os efeitos crônicos.

    Além da pulverização existe a preocupação com o transporte vertical dos pesticidas no solo, que tem sido apontado como a principal forma de contaminação do lençol freático juntamente com a água das chuvas ou de irrigação que desce pelo solo.

    Em Mato Grosso, estão sendo realizados estudos pelos professores e pesquisadores do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde dos Trabalhadores da Universidade Federal Mato Grosso e do Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fundação Osvaldo Cruz, sob a coordenação do Dr. Wanderlei Pignati e Dra. Eliana Dores, ambos da universidade federal e mais dois médicos da fundação. Eles realizam estudos comparando dados epidemiológicos das regiões do estado com diferentes níveis de utilização de agrotóxicos. Nas três regiões do agronegócio da soja, milho e algodão, há uma incidência três vezes maior de intoxicação aguda.

    Pignati, que foi um dos palestrantes da audiência pública, explicou que foram conduzidas análises ambientais e examinados a urina e o sangue de professores e moradores das áreas rurais e urbanas das cidades de Lucas do Rio Verde e Campo Verde, municípios que estão entre os principais produtores de grãos do estado.

    Outro estudo do professor Pignatti encontrou resíduos de agrotóxicos no leite materno de moradoras de Lucas do Rio Verde. Foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres, três da zona rural, entre fevereiro e junho de 2010, e a presença dos resíduos foi detectada em todas elas, relatou o médico.

    Em sua fala ele destacou que em diversas pesquisas também indicaram o aumento da incidência de doenças como má-formação genética, câncer e problemas respiratórios, especialmente em crianças com menos de cinco anos de idade. No caso das mulheres, que segundo as pesquisas são as mais prejudicadas com a intoxicação por agrotóxicos, agudas e crônicas, acarreta câncer, distúrbios endócrinos, distúrbios neurológicos e respiratórios, abortos entre outros problemas.

    Percebemos que onde a produção é maior, há mais casos de intoxicação aguda, como diarréia, vômitos, desmaios, mortes, distúrbios cardíacos e pulmonares, além de doenças subcrônicas que aparecem um mês ou dois meses depois da exposição, de tipo neurológico e psiquiátrico, como a depressão. Há agrotóxicos que causam irritação ocular e auditiva, outros dão lesão neurológica, com hemiplegia, neurite da coluna neurológica cervical, destacou Pignati ressaltando que para nós da saúde pública não existe uso seguro de agrotóxico.

    Completando a fala do professor Pignati, a coordenadora Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e presidente da Via Campesina, Etelvina Mazzioli, criticou veemente o modelo do agronegócio que para ela significa padronização das paisagens e desencadeador dos desmatamentos desenfreados. Para as empresas e produtores sobram os lucros e para a população em geral ficam as doenças provocadas pelo uso abusivo destes venenos, falou.

    Etelvina apresentou um projeto da agroecologia como um novo padrão de produção e consumo. Este modelo é socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável. Um modelo que seja o embrião de um novo jeito de relacionamento com a natureza, onde se proteja a vida toda e toda a vida, explicou a coordenadora.

    Os sistemas agroecológicos têm demonstrado que é possível produzir propiciando a possibilidade natural de renovação do solo, facilita a reciclagem de nutrientes do solo, utiliza racionalmente os recursos naturais e mantendo a biodiversidade, que é importantíssima para a formação do solo.

    Para o deputado Ademir Brunetto (PT), é preciso políticas públicas que efetivamente trabalhem mecanismos de controle. Ainda testemunhamos intoxicações pelo mau uso ou uso abusivo dos agrotóxicos. Outro ponto alertado pelo parlamentar foi o alto índice de poluição ambiental fazendo com que as pessoas fiquem mais suscetíveis à contaminação. Um dos exemplos usados pelo parlamentar é o desrespeito aos limites legais para pulverização dos agrotóxicos, que são de 500 metros no caso de pulverização aérea e de 300 metros para a terrestre que nunca foi obedecido apesar de uma legislação existente.

    O parlamentar ficou assustado com os dados apresentados pelo Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde dos Trabalhadores da UFMT que mostra sedimentos de fundo dos rios, resíduos de vários pesticidas na bacia hidrográfica do Pantanal.

    Reivindicação - Um documento elaborado pelo Comitê Estadual de Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, juntamente com os representantes do Movimento dos Sem Terras e pesquisadores da UFMT solicitou dos parlamentares apoio e maior comprometimento com o meio ambiente e com a saúde da população expostas direta ou indiretamente pelos agrotóxicos. Naorequerimento foram sugeridas medidas urgentes como: cumprimento das legislações, produção, comércio pulverização dos agrotóxicos e também a proibição da pulverização de agrotóxicos no entorno e influencias do Pantanal; proibição da pulverização de agrotóxicos nas lavouras agrícolas do estado, proibição do uso de agrotóxicos proibidos há mais de décadas na União Européia; cancelamentos de subsídios dos impostos fiscais públicos à esses venenos e implantar e monitorar a qualidade das águas superficiais e subterrâneas nas regiões de grande produção agrícola e no Pantanal.

    Ainda no documento, foram requeridas que o estado e os municípios programem a Vigilância em Saúde dos Trabalhadores e das populações expostas aos agrotóxicos; implantar em Cuiabá um Centro de Atendimento e Laboratório estadual de toxologia para a saúde dos trabalhadores, poluições ambientais e populações expostas aos agrotóxicos, implementar o monitoramento da qualidade das águas potáveis do estado, além da criação de uma feira agroecológica na capital.

    A intenção do documento foi apresentar as implicações relacionadas ao uso do agrotóxico no estado e fazer com o governo estadual reflita sobre o modelo de produção agropecuário existente, sugerindo medidas urgentes para a que a população mato-grossense não continue sendo vitimas dos danos ambientais e agravos à saúde provocados por esse modelo de processo produtivo agrícola.

    Brunetto ressaltou a importância desta discussão que contribuiu de forma significativa para as comemorações do Dia Internacional da Mulher e pela luta por melhores condições de vida para as mulheres. O parlamentar se comprometeu a encaminhar todas as solicitações para órgãos competentes e destacou que vai trabalhar dentro da Assembleia Legislativa para que se criem políticas públicas que avaliem o uso de agrotóxicos nas lavouras e os impactos causados por eles.

    Participaram do evento associações, secretários de estado e municípios, vereadores, MST, médicos e trabalhadoras do campo.

    Mais informações:

    Assessoria de Gabinete

    (65) 3313-6611

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